O artigo “A
perda de um tesouro”, de autoria da jornalista Cileide Alves e publicado ontem
no jornal O Popular, traz um alerta que faço há tempos, em relação a alterações
no Plano Diretor de Goiânia. Uma das mudanças que estão em discussão é a que
permite a instalação de prédios de mais de três andares nas ruas que fazem
margem com as grandes vias – atualmente, isso só permitido nos eixos de
desenvolvimento estratégico, tais como as avenidas T-7, T-9, 85, entre outras.
Durante o
extenuante processo de elaboração e votação do Plano Diretor de Goiânia na Câmara
Municipal, uma de minhas grandes preocupações foi justamente tentar conciliar o
desenvolvimento da capital com a qualidade de vida da população. Tomo como
exemplo a Região Norte de Goiânia, na qual resido há anos, e que é alvo
constante das empresas do segmento imobiliário, que querem acabar de devastar
os remanescentes de vegetação nativa e mananciais para implantar seus
empreendimentos.
Acredito no
bom senso do prefeito Paulo Garcia, no sentido de não permitir que imóveis de
grande porte e que geram expressivos impactos de vizinhança sejam construídos
nas zonas residenciais. O cidadão goianiense hoje já sofre o bastante com
graves problemas de poluição sonora e atmosférica, provocados por empresas que
não seu respeitam o direito alheio ao sossego e que estão sediadas em locais
inadequados. A concepção dos eixos estratégicos no Plano Diretor de Goiânia
serve justamente para isso: para que o desenvolvimento da cidade ocorra em
locais corretos, sem perturbar a população.
É verdade que
não se pode frear o progresso e que a geração de emprego e renda é
importantíssima para a capital. Entretanto, também não se pode colocar a perder
todos os avanços que conquistamos durante a aprovação do atual Plano Diretor de
Goiânia. Foram anos de discussões, análises e, principalmente, de audiências
públicas, para ouvir a comunidade e procurar saber o que ela deseja, o que ela
necessita, qual a cidade em que ela quer viver. Pergunto aqui: o vale mais? O interesse
público, a vontade do povo, ou o lucro de alguns poucos?