segunda-feira, 7 de maio de 2012

O incômodo silêncio do MP


Há exatamente dois meses, no dia 7 de março, entreguei ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) o relatório da Comissão Especial de Inquérito (CEI) dos Combustíveis. Foram mais de 70 pastas, contendo quase 30 mil documentos, fruto de praticamente um ano de investigação, e que comprovam a existência de uma rede criminosa em Goiânia, envolvendo usinas, distribuidoras e postos.
O relatório incrimina 25 pessoas físicas e jurídicas, envolvendo 9 distribuidoras, 13 usinas, 2 postos de combustíveis e representantes do SindPosto. Como presidente da CEI dos Combustíveis, meu objetivo, ao entregar o material diretamente ao procurador Benedito Torres, era que o MP promovesse ação penal contra as empresas e entidade citadas, responsabilizando-as por crime contra a ordem econômica e por formação de cartel.
Na época, o procurador-geral de Justiça afirmou que o material seria encaminhado para o Centro de Apoio ao Consumidor, para que se fizesse uma triagem. Segundo ele, a promotoria iria separar o que foi atacado em relação ao consumidor, ao meio ambiente e à ordem tributária, e depois o material seria distribuído para os promotores responsáveis, para que o MP-GO pudesse tomar as devidas providências.
No entanto, até o momento nenhum retorno me foi dado, nenhuma posição sobre o relatório me foi repassada. Pergunto: quanto tempo o MP levará para se manifestar? A população sofre todos os dias com os preços abusivos e o combustível adulterado. A Câmara cumpriu sua obrigação ouvindo representantes do segmento e reunindo provas de irregularidades. O que mais falta para que algum promotor proponha essa ação penal?
Durante a CEI, realizada de abril a dezembro do ano passado, sofri ameaças de morte, fui perseguido e submetido a enorme pressão por parte daqueles que defendem os interesses do cartel dos combustíveis. Mas não cedi e cumpri com meu dever de defender o povo. Acredito que o MP também precisa ter a mesma postura. Não se calem, promotores. O silêncio de vocês nos incomoda. A sociedade precisa do MP.

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